quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Criônica: ciência ou ficção?


Desde os tempos mais remotos, não é segredo que o homem sempre esteve buscando alguma coisa extraordinária que pudesse rejuvenescer e/ou prolongar o seu tempo de vida. Mas o que acontece quando tais coisas não são assim tão extraordinárias e podem ser pensadas através de teorias científicas?


Capitão América ficou 70 anos congelado em animação suspensa até ser encontrado. E eu aqui reclamando de tomar banho em dias frios!

       Criogenia. Esse é o nome que se dá a um ramo da ciência que estuda as baixas temperaturas. Desse ramo se originaram várias subdivisões, das quais são mais conhecidas a Criobiologia e a Criopreservação. Pode parecer loucura, mas a Criobiologia tem suas raízes ainda na Antiguidade! As baixas temperaturas eram usadas nas medicinas egípcia e grega. Também já se conhece há muito tempo que alimentos são melhor preservados em ambientes frios.



       Em meados de 1950, alguns cientistas começaram a estudar o congelamento de sêmen bovino, obtendo sucesso algum tempo depois. Daí se seguiram um número imenso de avanços científicos relacionados à Criogenia, dentre os quais podemos destacar as baixas temperaturas no transporte de órgãos para transplantes e as fertilizações in vitro que utilizam gametas congelados.

       O grande segredo por trás de tudo isso é que as células, quando submetidas a temperaturas extremamente baixas, entram em um estado de "animação suspensa", em que diminuem-se o metabolismo e as funções intra e extracelulares, no caso de corpos pluricelulares que possuem sistema nervoso. Além disso, a temperatura proporciona condições desfavoráveis para a procriação de vírus, bactérias e outros organismos que decomporiam a célula ou organismo.

       Se esses avanços científicos e tecnológicos parecem surpreendentes para a época em que ocorreram, é difícil imaginar que estes estudos evoluíram e que foi criada, ainda nos anos 60, a ideia de Criônica (cryonics, em inglês), a criobiologia dos seres humanos. Na realidade, já se conhecia os efeitos do congelamento humano há muito tempo. Há muitos relatos de pessoas que, após caírem em lagos congelados, ficaram um tempo considerável submersas e sem respirar, mas que ainda assim sobreviveram ao ocorrido.

       Os estudos sobre a Criônica tiveram início efetivamente por Robert Ettinger, autor do livro The Prospects of Immortality. Sua primeira cobaia, que continua em animação suspensa até os dias de hoje, foi James Bedford, congelado em 1967.

       Depois disso, muitas pessoas se submeteram a esse processo. O intuito otimista destes pacientes, dentre os quais a maioria possui alguma doença sem cura, é de que no futuro eles sejam descongelados, quando as suas doenças já estiverem ultrapassadas pela medicina e os efeitos prejudiciais do congelamento puderem ser corrigidos.

      Até o momento, nenhum paciente conseguiu ser ou foi descongelado, pois há um contrato entre o contratante e a empresa contratada que proíbe que isso seja feito. Atualmente, as empresas que fazem a técnica de criônica são a Empresa Alcor e a Crynics Institute, ambas dos Estados Unidos. O preço pelo corpo é de R$ 82 mil até R$ 352 mil. E a parte bizarra é que também há a opção de se congelar só a cabeça! Claro, por um preço um pouco menor.

       Como uma forma de "burlar" a lei, as empresas que realizam o procedimento afirmam que morte legal se difere da morte do organismo. Quando o coração de uma pessoa para, algum oxigênio ainda resta para que o cérebro continue funcionando. Logo após a morte, o corpo é resfriado o suficiente para que não comece a apodrecer e são aplicados coagulantes para que o corpo não enrijeça e os vasos não se obstruam. Se o corpo fosse simplesmente mergulhado em nitrogênio líquido a aproximadamente -196 ºC, a água das células se expandiria quando congelada, criando cristais que perfurariam as membranas e que causariam vazamento desta quando descongeladas. Para evitar isso, o sangue é retirado do corpo e em seu lugar é colocado um fluido que tem por base o glicerol, que diminui o ponto de congelamento dos fluidos corporais e a chance de formação de cristais por sua viscosidade. Os corpos são colocados em vasos de Dewar, semelhantes às garrafas térmicas que usamos no nosso cotidiano, com nitrogênio líquido, e assim ficam na esperança de acordar daqui a cinquenta, cem, ou quantos anos forem necessários para que a ciência dê conta de acordá-los.

A hipótese é tão surreal que virou roteiro de inúmeras obras de ficção. Fica aqui a recomendação dos filmes:

· Austin Powers - Um Agente Nada Discreto

· Eternamente Jovem 

· 2001 - Uma Odisseia no Espaço.

Se quiserem saber um pouco mais, acessem também a página da Cryonics Institute.


E você, o que acha dessa loucura toda? Deixe seu comentário!

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